sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O LIVRO SEM FUTURO

Editora argentina lança obra cuja tinta desaparece aos poucos

Qual o futuro dos livros? Como quem responde a essa difícil pergunta, a editora argentina Eterna Cadencia publicou uma edição que, em vez de durar anos, já vem com data de validade. Com o título segestivo de O futuro não é nosso, o primeiro volume da coleção O livro que não pode esperar é dedicado aos novos autores da literatura latino-americana, entre os quais se encontra o escritor brasileiro Santiago Nazarian. A obra foi impressa com uma tinta especial, desenvolvida pelo químico Alejandro Abalos, e em contato com o ar e a luz desaparece lentamente. O texto do livro, que é vendido numa embalagem a vácuo, permanece visível por mais ou menos dois meses depois de aberto.(Colaborou Renata de Albuquerque)

                                        Revista Metáfora - nº 11- 2012

O OUTUNO DE GARCÍA MÁRQUEZ

Escritor colombiano abandona a carreira literária por motivos de saúde

Gabriel García Máquez, vencedor do Nobel de Literatura de 1982, autor de obras-primas como Cem anos de solidão e Amor nos tempos do cólera, entre muitos outros livros que transitam entre o jornalismo literário e o realismo mágico, está abandonando a literatura - e, ao que tudo indica, para sempre. Seu irmão Jaime García Márquez anunciou à imprensa que, aos 86 anos, "Gabo" (apelido do escritor) apresenta demência senil. Há anos o autor sofria do mal, que só agora foi confirmado pela família. Assim, a segunda parte da autobiografia de García Márquez, Viver para contar, não poderá ser finalizada. "Infelizmente acho que não será possível, mas tomara que esteja errado", lamentou Jaime.
                                                                              
                                                                            Revista Metáfora - nº 11- 2012

O OUTUNO DE GARCÍA MÁRQUEZ

Escritor colombiano abandona a carreira literária por motivos de saúde

Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura de 1982, autor de obras-primas como Cem anos de solidão  e  Amor nos tempos do cólera, entre muitos outros livros que transitam entre o jornalismo literário e o realismo mágico, está abandonando a literatura - e, ao que tudo indica, para sempre. Seu irmão Jaime García Márquez anunciou à imprensa que, aos 86 anos, "Gabo" (apelido do escritor) apresenta demência senil. Há anos o autor sofria do mal, que só agora foi confirmado pela família. Assim, a segunda parte da autobiografia de García Márquez, Viver para contar, não poderá ser finalizada. "Infelizmente acho que não será possível, mas tomara que esteja errado", lamentou Jaime. 
Revista Metáfora - Nº

domingo, 12 de agosto de 2012

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que somba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
 já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
seua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta:
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
par se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José?
José, para onde?

                                      Carlos Drummond de Andrade